Revista Philomatica

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Incrível descoberta brasileira: a Terra é quadrada!


2019 parece mesmo ter vindo com tudo! O ano mal começou e nossos filósofos descobriram feito inédito: não só a Terra é quadrada como também a Lua! Esta última, ainda que a vejamos em forma esférica - afirmam filósofos da estirpe de Olavo de Carvalho -, tudo não passa de ilusão de ótica, ou seja, somos enganados por nossos próprios olhos em razão dos diferentes matizes da luz que incidem nas nossas retinas. Estas, como resultado da imensa onda de otimismo que embala o novo ano ao sul do Equador, já são vistas de outra forma: planas, assumiram ângulos geométricos e perderam a esfericidade, especialmente depois da tão considerável descoberta que mencionei acima. A razão, afirmam muitos dos 57.796.986 de brasileiros que corroboram tal ideia, é que só não notamos antes o quadratífero da Terra, da Lua e da retina, por causa dos espelhos, até hoje produzidos a partir de teorias ultrapassadas, sustentadas por uma cultura baseada em monstruosas falsificações histórico-científicas.
A ciência precisa ser revista desde a sua base. Não é possível que cientistas de países periféricos como Israel, Europa e Estados Unidos não tenham se dado conta de que a “época da modernidade científica está encerrada”! Felizmente, o Altíssimo olhou para nosso torrão piramidal (isto sou eu que estou dizendo, conspurcado por algum agnosticismo que, quiçá, convertido, dele logo me livrarei) e nos iluminou em sete dias, assim como criou todas as criaturas e coisas. É provável, afirmam muitos dos signatários das novas ideias, que ainda este ano tenhamos nosso primeiro Nobel. Outros vão mais além e, esperançosos, arriscam que a honraria será destinada a uma brasileira que, vestida de rosa, haverá de brandir o prêmio diante dos monarcas na Academia Sueca! Será o início de uma nova era, uma revolução na ciência e nas sociedades que adotarem o sistema brasileiro dos cientogiosos. Sim leitor, com a graça divina haveremos de introduzir tal neologismo não só no Houaiss e no Aurélio - porque isto é, convenhamos, fichinha, algo que com uma Medida Provisória está feito -, mas principalmente no Larousse, Le Robert, Oxford, Devoto/Oli, Zingarelli...e por aí vai.
Hoje tudo está mais claro. Só não notamos nossa excepcionalidade porque, como papagaios, ficamos a repetir uma mentalidade racionalista-cientificista cuja origem está na Renascença, no cartesianismo, em Francis Bacon, mas logo esta mentalidade estará morta, uma vez que todo o esforço para mantê-la de pé, afirma o cientogioso O. de Carvalho, só foi possível à custa de uma fraude epidêmica por parte de cientistas e estudiosos.
Não por outra razão, devemos deixar de papaguear expoentes de países periféricos como Newton, Darwin, Einstein, e olhar para os pastos e as goiabeiras, de onde vem nossa tradição. É de lá que vem Damares, prenome arcádico, de origem grega, cujo significado é ‘vaca, novilha’ e que ora designa a grande dama que corrobora as teorias do grande mestre O. de Carvalho, mentor dos novos tempos. Damares, em mais um vídeo divulgado hoje, explica as razões pelas quais a igreja evangélica, seita na qual é pastora, perdeu espaço na história: “Nós perdemos o espaço na ciência quando nós deixamos a teoria da evolução entrar nas escolas, quando nós não questionamos, quando nós não fomos ocupar a ciência.” E, completou a ministra: “A igreja evangélica deixou a ciência para lá. Vamos deixar a ciência sozinha, caminhando sozinha. E aí, os cientistas tomaram conta dessa área e nós nos afastamos.”
2019 veio com tudo! Felizmente vamos reescrever a história! Onde já se viu cientistas ocuparem-se de ciência!? No outro front, o ministro da marinha acaba de revelar que o Brasil lutou ao lado dos Estados Unidos nas três Guerras Mundiais. Vejam, leitores, os racionalistas cientificistas sonegaram-nos até mesmo relatos de um dos três grandes conflitos. Quantas narrativas, quantos dramas, quantos romances proibidos, quantas separações, quanto sangue, quantas tragédias inspiradoras para a literatura e a pintura não nos surripiaram! É bem provável que não nos tenham tornado pública a Terceira Guerra Mundial para camuflarem algum invento que deu errado, algum gás, sei lá, algo que tenha se espalhado pelo ar e seja a razão de tantos meninos apreciarem o rosa e tantas meninas o azul. Deus! Tende piedade de todos nós! Ilumine-nos mais e mais, a cada dia, nos próximos sete e em mais sete dias, setenta vezes sete! Permita que o mundo veja a mesma luz que ora nos ilumina, esclarecei a todos ó Senhor! Amém!


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