O
assunto mais comentado da semana foi a prática da golden shower. A tara, que pensei fosse prática restrita à alcova
de alguns casais, revelou-se pública, comum; performática no Carnaval,
mostrou-se ato político. E não sou eu quem está dizendo; puxei a ideia de uma
atriz novata que sobressaiu-se ao anonimato pelas mijadas na calçada da beata
Dona Maria. De minha parte, não critico ninguém, afinal, cada um cuida do seu
toba. No mais, sempre achei que o fiofó deve ser free na alcova, nos becos, nas ruas e nas boîtes; menos nos meretrícios, porque lá trabalha gente de bem que
precisa faturar alguns caraminguás.
Li
algumas notícias na internet e descobri que só eu não pratico a tal da golden shower; todo mundo já sabia – mas
ninguém fez -, afinal, por que confessar, não é mesmo? Onde enfiaríamos nossa
hipocrisia? No toba? Ah, na-na-ni-na-não!
Está
me achando vulgar, leitor? Não me julgue! Só estou tentando acompanhar os novos
tempos. Sim, foi com essas palavras que um amigo me recriminou, dizendo que não
sei acompanhar os novos tempos, que sou conservador, fascista, preconceituoso
etc, e tudo, achei, só porque não faço golden
shower.
Decidido
a largar o conservadorismo, levar uma vida mais fácil e agitada, mostrar que
sou de esquerda, tornar-me vagamente intelectual, descolado, sensível e
solidário, fui atrás do que gosta a família brasileira quando se trata de sexo.
Confesso, não me surpreendi, como também confesso não ter estômago para algumas
práticas. A Tribuna de Minas[1],
traz a experiência de uma senhora com a coprofagia e o Estado de São Paulo[2]
(Caderno Mais) trouxe uma lista de distúrbios (distúrbio não! – penso que
erraram, trata-se, de fato, de uma lista de manias gozosas, afinal, sou
deslocolado!), muitos dos quais, podem ser perfeitamente praticados no
Carnaval, pois são, de fato, atos políticos.
Transcrevo
da lista do Estadão para você leitor.
E vamos lá, à prática!
Pequeno Dicionário das
Parafilias - comentado:
Anaclitismo: adulto que se excita com práticas da
infância, tais como usar chupeta ou mamadeiras (Muito bobinho, infantil, não
configura ato político.);
Apotemnofilia: excitação com a ideia de sofrer
amputações (Bastante cristão, lembra-me autoflagelação e, do jeito que a coisa
anda, logo será oficializada pela bancada evangélica.);
Automisofilia: excitação advinda de sentir-se sujo
(Praticada por muitos moradores de rua, configura-se ato político quando
praticada por pequenos burgueses. Alguns amigos uspianos afirmam que sim, dá
tesão.);
Cleptofilia: excitação que vem da prática de roubos
(Dependendo da situação, se o comerciante entrar no clima, rola uma boquete
para pagamento da mercadoria e o resto será puro prazer; com direito a bukkake, configura-se ato político,
sobretudo em dias de Carnaval.);
Claustrofilia: excitação pelo confinado em
compartimento pequeno (Não vi graça, mas é uma saída quando não se tem lugares
adequados e espaços, onde dá pra ficar de pernas pra cima.);
Coprofagia: excitação pela ingestão de fezes (Não
quero nem pensar, sou conservador! Mas sei que é ato político.);
Dacrilagnia: excitação ao observar a parceira
chorar (Bobinho, bobinho, para frouxas.);
Fobofilia: excitação pelo medo ou ódio (Coisa de
psicótico.);
Frotismo: obtenção de intenso prazer sexual ao
esfregar-se em outra pessoa, sem o seu consentimento (Dada a etimologia da
palavra, pensei que fosse alguma prática inventada pelo Alexandre Frota, mas vi
que é muito comum. Não é ato político; pode sim, caracterizar assédio em ônibus
e metrô.);
Geronosexualidade: quando o objeto de excitação tem
30 anos a mais que a pessoa (Meu Deus, que decadência! Tudo tem sua hora!);
Ginemnese: homem que se excita ao vestir-se de
mulher (Ah! Linda, mesmo?);
Hemotigolagnia: excitação com absorventes femininos
(Só se não for operado; pode ser nojento, principalmente se o absorvente tiver
sido usado, mas ouvi dizer que há quem goste.);
Hipoxifilia: excitação por meio de asfixia (Adolescentes,
velhos e deputados americanos praticam!);
Iconolagnia: por meio do contato tátil com estátua
de obras de arte (Minhas sinceras desculpas a Da Vinci e Michelangelo.);
Mucofagia: excitação com a ingestão da própria
mucosa nasal (Que nojo!);
Odaxelagnia: excitação por mordidas (Para mim é
raiva – a doença.);
Sitofilia: excitação com comida (Isso é o pecado da
gula, antigo.);
Tafofilia: refere-se a quem fica excitado ao ser
sepultado vivo (Loucura, não imagino.);
Telefonicofilia: com conversas telefônicas eróticas
(Ah! Verdade? Essa todo mundo faz, não configura traição e nem ato político.);
Tesauromania: excitação ao colecionar roupas
íntimas de pessoas do sexo oposto (Ah! Mesmo? Só colecionar? Wando (o cantor)
sofria disso?!);
Timofilia: excitação sexual com a riqueza (Queria
tanto ter... quem não tem?);
Tlipsosis: excitação por beliscar outras pessoas (Ah!
Vá cagar! Não vi graça alguma!);
Urofilia: excitação associada ao ato de receber
jato urinário do parceiro e, em alguns casos, engolir a urina, prática chamada
de chuva dourada – golden shower (Está
na moda, mijemo-nos todos; é ato político!);
Vampirismo: desejo por cadáveres (Leiam Drácula, de Bram Stoker, dá mais tesão.);
Zelofilia: excitação sexual associada ao ciúme
(Deve ser comum no Brasil, haja vista a quantidade de feminicídios.);
Zoofilia: excitação sexual com animais (Abominável.
Respeito os animais e se souber de alguém que a pratica, pago para cortar o
bilau.).
E a borboleta paraguaia? Ah, vá, nunca fez?
Foto:
Divulgação. Saló ou os 120 dias de Sodoma,
filme de Pier Paolo Pasolini
[1]
https://tribunademinas.com.br/blogs/sexo-no-diva/10-04-2018/um-curioso-e-medonho-caso-de-coprofagia-humana.html
[2]
https://emais.estadao.com.br/noticias/geral,parafilia-quando-o-prazer-se-torna-problema,20070219p9457