
Nos canais de imprensa - sites e blogs - trava-se uma guerra midiática entre a Record e a Globo, algo que em princípio não é da conta do cidadão, mas, infelizmente, passa a ser depois de sabermo que tais empresas ocupam a maior parte de seu tempo em alienar o gado marcado! Ms não é só ali que se aliena uns, outros e muitos. O manipulação está também no Senado! Ainda que muitos torçam para que
Sarney e sua tchurma estejam a caminho do limbo, não há qualquer pista que indique a
saída desses nobres senhores do Éden senatorial.
E já que o léxico me trouxe o limbo e o Éden - e uma vez que a guerra é sobretudo terrena -, vale
comentar o assunto. De fato, trata-se de comentário dos comentários. A
torcida é enorme e vibrante. De um lado os recordistas, de outro os globistas, neologismos para simpatizantes que se esforçam a todo instante
em se superar em seus pitacos. O blog de Lauro Jardim traz a seguinte machete:
"A Record parte para a guerra contra a Globo - e não se trata de briga
pela audiência". O texto traz nada menos que 704 comentários. O Portal
Imprensa (UOL) também trata da guerra mediática com centenas de outros comentários, a
maioria dos quais, nota-se, produzida por fiéis.
Ora fiéis do bispo, ora fiéis da vênus platinada. Os ânimos, às
vezes, esquentam: no Portal Imprensa, um tal Sr. Samuel, em um texto repleto de
gerundismo, detona: "...cada um tem o direito de fazer o que bem entender
com o seu dinheiro e seu eu quero dar na Igreja Universal eu dou e não me
arrependo disso, também não importo em que está sendo usado, estou dando na
obra de Deus e para a obra de Deus!" Confesso: em principio fiquei confuso
em estabelecer uma relação entre a chamada obra de Deus e aqueles avantajados derrières a repetirem os movimentos de uma mola, do chão ao alto, entre
chacoalhos e gemidos lascivos, olhos e bocas semiabertos numa conjunção em que, ao
som do funk, os fiéis, digo, a platéia missionária não vislumbra outra coisa senão culs e mais culs. O Sr. Samuel disse ainda que "para quem não sabe a rede
Record é uma televisão utilizada para levar o Senhor Jesus as almas que estão
perdidas".
Aí fiquei perdidaço e, como não sou expert nessas técnicas de conversão mais avançadas, prefiro me
retirar. Preferi acreditar (acredito mesmo?! Sei não, esse Sr....) na manchete dada pelo Lauro Jardim, isto é, de que a
guerra não é pela audiência. E não por outra razão, lembrei-me de meu querido
Voltaire que, já no século XVIII fazia uso do bordão écrasez l'infâme, para denunciar o
fanatismo e a superstição disseminados e alimentados pela Igreja, cujo objetivo
não era outro senão a manipulação da massa ignorante.
Talvez resida aí a razão da guerra que, como disse Jardim, não é
definitivamente pela audiência (mas é pela audiência Sr, Jardim - seja honesto!). Manipula-se sempre. Até mesmo porque a imprensa
nunca foi e nunca será transparente e imparcial. Manipula-se também com a ajuda
de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo. E qual a falta de Voltaire? Com
certeza, do fuzil de dois tiros do filósofo sairiam palavras sábias para ambos
os lados. Por fim, ouço Dona Mariana, personagem da novelinha das seis de Benedito
Rui Barbosa, a dizer: Amém! Amém Voltaire!, penso eu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário