Revista Philomatica

sábado, 22 de agosto de 2009

Amigos para sempre!


O título parece piegas, lembra aquelas músicas anos 60. Não, acho que não. Acho que lembra aquelas campanhas pelos pobres da África que apareceram nos anos 80, cujo intuito - acho, ia além de ajudar os menos favorecidos e descambava para uma esfera mais pessoal - o ego. Era um ajuntamento de 'celebridades' empenhadas não só com o próximo, mas principalmente em se mostrar. Afinal, we are the world. Puro marketing! Acabo de me lembrar que o título tem algo a ver com cantores de ópera em momento pop. Também marketing. Porém, os amigos dos quais falo são os livros, não respiram, não cantam, mas vão fundo à alma!

Por que falo deles? Em noites de insônia, após o terceiro ou quarto copo, eles acabam por bater à porta. Um olhar oblíquo para a estante, o braço que se estende e voilà, muitas histórias. A primeira, óbvia, aquela surgida de um autor qualquer, às vezes, gênios. As outras: a pessoa que o indicou quando foi comprado, as ligações que a partir daí foram estabelecidas, enfim, o momento que se vivia quando este precioso objeto lhe caiu às mãos. A rede é imensa e, de repente, um mundo se materializa de forma mágica em seu consciente. Detalhes há muito esquecidos vêm à tona, e paixões ganham fôlego...

Assim, as interligações reais e virtuais se entrelaçam e se estabelecem. Em literatura, muitos chamam a isso de memória literária, um livro que lembra outro e outro, que lembra outro... Uma circulação que não polui, só enriquece, só engrandece.

Acabo de ganhar livros. Um dia talvez me lembre desse momento... Quer coisa melhor? Pessoas de alto calibre: Machado de Assis, Caio Fernando de Abreu, Rouanet e tantos outros! Por que tantos ganhos de uma só vez? Porque livros também são descartados. Eis aí o grande bem dos livros. Sempre são úteis; se seu antigo dono ultrapassou a barreira do conhecimento que ele encerra e já internalizou aquilo que ele de bom grado um dia lhe trouxera, a outra será mister desvendá-lo.!