
“A
ignorância traz uma felicidade extremada.” Hoje estou para lembranças, embora
não me recorde do autor desta uma pérola, que continuo preservando sempre que
me deparo com disparates publicados na imprensa e afins, alterados,
evidentemente, ao sabor dos interesses dos grandes, dos corruptos e seus
asseclas.
Fala-se
muito em ideologia, na tentativa de atribuir certa erudição à verborragia e à
inépcia, contudo, a intelligentsia
que povoa as redações, parece-me, não lê. Se o faz é via blogs, facebook e otras mierdas más, reproduzindo falas de pseudolíderes ágeis em
preparar uma ratatouille, colhendo
ideias aqui e acolá e misturando-as ao sabor dos próprios interesses,
esquecendo de que toda ideologia é falsa consciência, mentira, portanto,
instrumento de alienação, venha de que lado vier.
Não
à toa, ouvi ontem um desses pseudolíderes descomendo ideias pela boca depois de
tê-las digerido em ácido estomacal fétido e interesseiro; a tal dizia
‘sincerona’ que “utopia concreta são as possibilidades reais que estão latentes
na realidade”. O nonsense é extremado!
Não
bastasse isso, o homo sapiens (e nada
aqui me faz esquecer discurso recente em que a canaille creditou a evolução do homem à bola. Esta, teria nos
transformado em homens e mulheres sapiens). Feliz por não mais pertencer à espécie
dos neandertais ou australopitecos, fecho as cortinas da memória e passo a
refletir sobre um vídeo realizado em Portugal, por um jornalista.
Nele,
o jornalista indagava pessoas nas ruas sobre o que achavam de casamentos entre homo sapiens, em clara analogia ao
casamento homossexual. Opositores e partidários da legalização do tal
casamento, responderam às questões ingenuamente, demonstrando um arrazoado
desprovido de qualquer informação, contrário não só ao bom senso, mas propenso
à ignorância, bastião de toda intolerância.
Geograficamente,
volto-me ao sul sem, contudo, sugerir qualquer ascendência da ex-metrópole
sobre o caráter ignaro dos tupiniquins, mas tocado pela hipocrisia e ao
mau-caratismo da septuagenária dos direitos humanos, a Sra. Luislinda Valois,
que incarna a fraude em pessoa: não é Luís, não é linda e nada vale, pois, até
agora, a única ação de destaque em seu ministério foi pleitear acúmulo de
pensão e salário totalizando míseros R$ 61.000,00. Valois desconhece o preço e
a qualidade dos brioches comidos pelo povo; julga-se escravizada por perceber
tão mísero salário – a metade do que pleiteia.
Afora
isso, somos tão hipócritas que a verdade, quando dita, nos fere a alma. A
mentira, esta nos enleva, rende letras de música, samba nos pés e algum valor.
Não por outra razão, no Rio de Janeiro, território do tráfico, o senhor Pezão e
autoridades policiais sentiram-se extremamente ofendidos ao ouvir o óbvio do
ministro da justiça. Porém, obtusos somos todos, afinal vendemos o carnaval
como uma grande festa popular da arrière-boutique,
como diria Montaigne. E, só para provocar, uma perguntinha tola: naquela terra
de ninguém, e em muitos outros rincões do Brasil, quem financia políticos, que
indica comandantes da polícia e dirigentes em muitos outros cargos, quem banca
a festa? Os antigos diziam que quem paga a música escolhe a dança. Parece-me
óbvio!
Por
fim, fico com Eco, meu padre-santo, por ter um dia afirmado que o homem é de
fato uma criatura literalmente extraordinária: descobriu o fogo, criou cidades,
escreveu poemas, mas não cessou de guerrear seus semelhantes, enganá-los e
destruir o meio ambiente. Assino embaixo quando diz que o equilíbrio entre a
alta virtude intelectual e a baixa idiotice dá um resultado neutro. E diria
mais: nessa toada em que estamos, hora ou outra mudamos o astral e nos tornamos
bem mais opitecos.