“Há
um momento em que a gente simplesmente se cansa disso tudo.” A frase, ouvia-a
de minha avô pouco antes de partir há quase duas décadas, e, depois de uma
semana difícil e de perdas, não há como não entabular uma reflexão, visitar os
subterrâneos da alma, emergir, olhar ao redor e pesar os sobressaltos, as
alegrias e as tristezas e, por que não, a ignorância que nos assola. Vale a
pena tudo isso?
“A
ignorância traz uma felicidade extremada.” Hoje estou para lembranças, embora
não me recorde do autor desta uma pérola, que continuo preservando sempre que
me deparo com disparates publicados na imprensa e afins, alterados,
evidentemente, ao sabor dos interesses dos grandes, dos corruptos e seus
asseclas.
Fala-se
muito em ideologia, na tentativa de atribuir certa erudição à verborragia e à
inépcia, contudo, a intelligentsia
que povoa as redações, parece-me, não lê. Se o faz é via blogs, facebook e otras mierdas más, reproduzindo falas de pseudolíderes ágeis em
preparar uma ratatouille, colhendo
ideias aqui e acolá e misturando-as ao sabor dos próprios interesses,
esquecendo de que toda ideologia é falsa consciência, mentira, portanto,
instrumento de alienação, venha de que lado vier.
Não
à toa, ouvi ontem um desses pseudolíderes descomendo ideias pela boca depois de
tê-las digerido em ácido estomacal fétido e interesseiro; a tal dizia
‘sincerona’ que “utopia concreta são as possibilidades reais que estão latentes
na realidade”. O nonsense é extremado!
Não
bastasse isso, o homo sapiens (e nada
aqui me faz esquecer discurso recente em que a canaille creditou a evolução do homem à bola. Esta, teria nos
transformado em homens e mulheres sapiens). Feliz por não mais pertencer à espécie
dos neandertais ou australopitecos, fecho as cortinas da memória e passo a
refletir sobre um vídeo realizado em Portugal, por um jornalista.
Nele,
o jornalista indagava pessoas nas ruas sobre o que achavam de casamentos entre homo sapiens, em clara analogia ao
casamento homossexual. Opositores e partidários da legalização do tal
casamento, responderam às questões ingenuamente, demonstrando um arrazoado
desprovido de qualquer informação, contrário não só ao bom senso, mas propenso
à ignorância, bastião de toda intolerância.
Geograficamente,
volto-me ao sul sem, contudo, sugerir qualquer ascendência da ex-metrópole
sobre o caráter ignaro dos tupiniquins, mas tocado pela hipocrisia e ao
mau-caratismo da septuagenária dos direitos humanos, a Sra. Luislinda Valois,
que incarna a fraude em pessoa: não é Luís, não é linda e nada vale, pois, até
agora, a única ação de destaque em seu ministério foi pleitear acúmulo de
pensão e salário totalizando míseros R$ 61.000,00. Valois desconhece o preço e
a qualidade dos brioches comidos pelo povo; julga-se escravizada por perceber
tão mísero salário – a metade do que pleiteia.
Afora
isso, somos tão hipócritas que a verdade, quando dita, nos fere a alma. A
mentira, esta nos enleva, rende letras de música, samba nos pés e algum valor.
Não por outra razão, no Rio de Janeiro, território do tráfico, o senhor Pezão e
autoridades policiais sentiram-se extremamente ofendidos ao ouvir o óbvio do
ministro da justiça. Porém, obtusos somos todos, afinal vendemos o carnaval
como uma grande festa popular da arrière-boutique,
como diria Montaigne. E, só para provocar, uma perguntinha tola: naquela terra
de ninguém, e em muitos outros rincões do Brasil, quem financia políticos, que
indica comandantes da polícia e dirigentes em muitos outros cargos, quem banca
a festa? Os antigos diziam que quem paga a música escolhe a dança. Parece-me
óbvio!
Por
fim, fico com Eco, meu padre-santo, por ter um dia afirmado que o homem é de
fato uma criatura literalmente extraordinária: descobriu o fogo, criou cidades,
escreveu poemas, mas não cessou de guerrear seus semelhantes, enganá-los e
destruir o meio ambiente. Assino embaixo quando diz que o equilíbrio entre a
alta virtude intelectual e a baixa idiotice dá um resultado neutro. E diria
mais: nessa toada em que estamos, hora ou outra mudamos o astral e nos tornamos
bem mais opitecos.
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