Às
vezes, em busca do carro das ideias, obrigo-me a navegar por mares diversos e, a
exemplo do que tem ocorrido no Caribe, encontro em sites de notícia verdadeiras ilhas de lixo. As águas são profundas
e as inteligências parecem obnubiladas. Como os excrementos humanos, o lixo
traz odor repugnante, mas nem por isso o homem tem se afastado dele, ainda que
esteja habituado a aromas que enlevam os sentidos.
Não
bastassem os famosos lixões físicos, agora os virtuais têm ganhado relevância. Alguns
sites de notícia e jornais, em razão
da longa sobrevida perderam seu objetivo primeiro. Hoje, embora finjam afrontar
o sistema, tornaram-se conservadoras ilhas de lixo. No máximo, ousam nas
manchetes acreditando que isto lhes confere alguma crítica.
Não
é mistério a parcialidade da imprensa, assim como não é segredo que seu motor é
o capital, ainda que venda ideias socialistas. Tudo é movido a dinheiro e
depende do dinheiro. A UOL, por exemplo, não é boazinha com gays, travestis,
transexuais, Jojo Todynho, Pablo Vittar e companhia. Ela só o é por dinheiro.
Qualquer fake new fabricada e/ou
republicada por ela acirrando a animosidade de internautas e incitando-os à
polêmica, ela só a publica porque isso reverte no vil metal. É curioso ver seu
diretor de conteúdo, em seminário no Senado, afirmar que se deve punir
plataformas como Facebook e Twitter “pelo bolso”, pois ganham
dinheiro com isso.[1]
Isto se assemelha a um seminário contra a corrupção em que os principais palestrantes
são Cunha, Aécio, Temer, Lula e companhia. Ouço o tilintar das moedas e vejo
Liza Minnelli, em Cabaret, a
chacoalhar as mãos e os ombros a cantar Money,
money, money...
Esse
vender a alma ao assessor do diabo é algo rasteiro, nadar a ver com o trato de
Fausto, sedento por conhecimentos e outros prazeres mundanos. Fausto, se
prejudicou alguém, foi a si mesmo. A UOL, não! O Universo online da Folha é muito pior: prejudica os
leitores, emburrece e embrutece-os a conta gotas, tal remédio prescrito a longo
prazo.
A
seletividade da UOL é escrota. Tome-se, por exemplo, o caso não muito recente
de assédio que envolveu o ator José Mayer. Pois bem, as reportagens sobre a
história eram frequentes; ainda que não houvesse nada de novo a ser dito,
trocava-se a manchete e induzia-se o leitor à releitura, de modo a não fazê-lo
esquecer que se deveria punir o ator, fosse como fosse. O que interessava a UOL
era o veredicto. É óbvio que o ator deveria acertar suas contas com a justiça,
mas a UOL tomou as rédeas do judiciário e decretou sentença.
Agora,
estabeleçamos as comparações: a UOL reproduz diariamente, em forma de diário, o
dia-a-dia dos integrantes em um reality
show dos mais vulgares, embora muitos façam dele seu jantar.
Confinados
em uma casa, homens e mulheres dão azo às suas mesquinharias e desejos,
esquecendo de que estão frente às câmeras. Incitados por diretores em busca de
audiência, passam ao largo de qualquer discrição e fundam o pé na lascívia, embalada,
não raro, com o nome de cultura, e sempre transformada em dividendos.
Pois
bem, na maison do atual lupanar
confinou-se uma família: pai, mãe, filha e sobrinho. O pai, cheio de amor
filial, colocou-se a beijar a filha diante das câmeras. Não bastassem os beijos
voluptuosos, internautas compartilharam cenas em que o pai sarrava a filha na cama
e tocava suas partes íntimas. Assédio? A Globo não viu nada! A UOL, guardiã das
mulheres ultrajadas? Também nada viu!
Ora,
ao comparar a cena ao feito de José Mayer, qual a diferença? A meu ver,
nenhuma, razão pela qual argumento a existência de vínculos promíscuos entre o
canal odiado pela esquerda e a folha que se diz repositório das ideias oposicionistas.
A teoria conspiratória, no caso, é que sob a máscara ambas cabalam para a
afirmação de um sistema de alienação da massa.
Não
à toa, usam comumente a estratégia da distração, suprimindo do público a reflexão
aprofundada do que é essencial, distraindo-o constantemente para que se
afugente dos problemas sociais que quotidianamente subvertem sua vida. Em
troca, enchem sua cabeça com lixo e mais lixo.
No
mais, nas vezes em que se dirigem ao público, tratam-no como criança, usam de
um discurso rasteiro, simplório e dotado de certa infantilidade como se ele, o
público, fosse incapaz de emitir qualquer posicionamento crítico e por isso, só
por isso, dependesse deles, os supremos jornalistas, para o mínimo entendimento.
O
resultado disso é que as televisões, jornais e sites, no moldes em que se encontram, acreditam na imbecilidade do
espectador. Em consonância com o sistema – porque também lucram com isso -,
mantêm o público na ignorância. É por essa razão que em sites como a UOL não se discute a qualidade da educação, por
exemplo. Ali, a educação só vem à tona quando surge um caso de violência em
sala de aula, seja professor agredido por aluno, seja aluno tratado em
desconformidade à ideologia de bolso que o site
patrocina no momento.
Assim,
sites como a UOL, encarregam-se do
café da manhã do “cidadão”, pois dispõem de tecnologias que possibilitam
conhecer seu gosto - às vezes, conhecem-no melhor que ele mesmo. Isso porque, a
contas gotas, ao longo de décadas o têm tratado como estúpido, servindo-o lixo
como se fosse ambrosia. Fazendo-o acreditar na intolerância e na liberdade, manipulam-no
diariamente de acordo com seus próprios interesses, a ponto de o público só se
indignar quando a UOL quer; reprisando, desse modo, o reality, e fazendo de uma horda de internautas desavisados, seus brothers.
[1] https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/12/12/fake-news-nao-e-erro-e-proposital-diz-diretor-de-conteudo-do-uol.htm
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