Revista Philomatica

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Ano que vem, em Jerusalém!


A vírgula, no icônico cumprimento, não sei há ou não. Procurei aqui e ali e não a encontrei, mas resolvi introduzi-la porque, ao menos para mim, imprime certa esperança entre o futuro incerto e o desejo profundo. O povo israelita é marcado pelas diásporas. A diáspora, segundo a Bíblia, deveu-se à rebeldia de Israel e Judá para com Deus. Como disse semana passada, Deus não suporta ser contrariado, então, o que fez ele com o povo de Israel? Puniu, tirou-lhes a terra que lhes prometera. Espalhou-os pelo mundo até que, arrependidos, retornassem para a obediência a Deus. Metafísica de lado, para a História Moderna a diáspora judaica foi resultado do confronto do povo judaico com outros povos que tentaram subjugá-lo culturalmente e ocupar seu território.
A primeira diáspora ocorreu no século VI a.C., quando Nabucodonosor II invadiu o reino de Judá, destruiu o Templo e deportou os judeus para a Mesopotâmia. História Antiga que, quando adolescente, estudei na escola pública – acreditem! A segunda diáspora, que também aprendi no ginásio, ocorreu com a invasão romana no ano 70 d.C. e, repeteco, os judeus foram novamente espalhados por todo o planeta.
O porquê dessa história hoje? Bem, coincidências. Voltei às releituras ao preparar um curso sobre “História, Memória e Literatura”. Reli obras da adolescência, li história, teoria e biografias. Também resolvi falar sobre isso porque o Israel moderno completará 71 anos daqui a quatro dias!
Não vou comentar sobre a Shoah, o Holocausto - espero que ainda ensinem sobre isso nas aulas de história. Em tempo: àqueles cujo antissemitismo jaz sob a epiderme, informo-os de que não sou judeu, mas não teria vergonha alguma em sê-lo, sobretudo porque tenho imensa admiração por este povo tenaz, resistente, perseverante e empreendedor.
O IDH de Israel é considerado “muito alto” (22.o) e seu PIB nominal é de 373,751 bilhões de dólares. A título de comparação, o Brasil tem um IDH considerado alto (79.o) e um PIB de 2,141 trilhões de dólares. Estamos bem, não estamos? Pois então considere a população e a área dos dois países e verá que rolamos ladeira abaixo. Considerem ainda o fato de que nossas crianças não foram alvos nazistas, nossos pais e mães não foram mortos aos milhões em câmaras de gás e transformados em barras de sabão, bem, sei lá, não sei se estamos tão bem assim. E olha que junto com esses judeus foram destruídos centros de fé, estudo e erudição judaicos, geradores de gigantes nas artes, ciência e literatura.
Relendo a biografia Minha Vida, de Golda Meir, é impossível não compactuar da amargura da autora com os dias de hoje (e era 1975!), quando o “mundo preferiu adotar o terrorismo árabe de fascínio”. Sob o poder de fogo árabe desde as vésperas de sua independência, Israel conseguiu - dentre outras coisas - fazer brotar árvores no deserto, algo que até hoje somos incapazes de tentar no semiárido brasileiro. Ao reler Exodus, de Leon Uris, um misto de ficção e história, no volume II, Livro IV, capítulo II, o autor relaciona falas de personalidades árabes e manchetes de jornais no dia seguinte à aprovação da partilha da Palestina pelo Conselho das Nações Unidas. Leia, reflita sobre a tolerância, pergunte a si mesmo quem o aliena, reveja sua cultura facebookiana e tome suas próprias conclusões:

·        Kuwalty, Presidente da Síria: “Morreremos pela Palestina!”
·   Al Kulta, jornal do Cairo: “Quinhentos mil iraquianos se preparam para a Guerra Santa. Cento e cinquenta mil sírios atravessarão as fronteiras da Palestina e o poderoso Exército egípcio empurrará os judeus para o mar, se eles ousarem declarar seu estado.”
·    Jamil Mardam, “Premier” sírio: “Parem de falar, irmãos muçulmanos. Levantem-se e deem cabo da praga sionista.”
·    Ibn Saud, Rei da Arábia Saudita: “Somos cinquenta milhões de árabes. Que nos importa perder dez milhões, se conseguirmos matar todos os judeus? O preço vale a pena.”
·     Seleh Harb Pasha, Juventude Muçulmana: “Desembainhai as espadas contra os judeus! Morte a todos! A vitória é nossa!”
·     Xeque Hassan Al Bannah: “Todos os árabes se erguerão para aniquilar os judeus! O mar ficará juncado de seus cadáveres.”
·    Akram Yauytar, porta-voz do Mufti: “Cinquenta milhões de árabes combaterão até a última gota de sangue.”
·   Haj Amin El Husseini, Mufti de Jerusalém: “Eu declaro Guerra Santa, irmãos muçulmanos! Morte ao judeus! Morte a todos eles!”
·    Azzam Pasha, secretário-geral da Liga Árabe: “Esta será uma guerra de extermínio e massacre que ficará na história, como os famosos Massacres Mongóis.”

Dito isto, leitor, é compreensível que a esperança tenha lá seu cumprimento: “Ano que vem, em Jerusalém!”



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