Não raro nos deparamos com alguns autores, cujas biografias foram tão movimentadas e eletrizantes que fica quase impossível não olhar suas obras com olhos mais livres. É algo como pensar a obra de um autor a partir de sua trajetória, sem contudo, ater-se ao puro biografismo, ou seja, explicar esta ou aquela personagem a partir do seu percurso, embora, muitos deles se nos apresentem tão ou mais interessantes que as suas personagens. Nada, porém, a ver com ressuscitar o autor, na contramão do que dissera Barthes ao teorizar a morte do autor, mas simplesmente vê-lo também, a partir de sua existência, tornar-se figura literária.
O mesmo, parece, deu-se com Rimbaud (Jean-Nicolas Arthur Rimbaud (1854-1891), o genial poeta simbolista, autor de Une saison en enfer, Le Bâteau Ivre e Les Illuminations. Para se ter uma ideia, Rimbaud para de escrever aos 21 anos e parte para o norte da África, onde passa a traficar armas. Porém, o Rimbaud negociante de armas é o mesmo que deu cor às vogais em Voyelles e L’Alchimie du Verbe e tornou-se referência para a poesia no século seguinte, alimentando o argumento da tese que nascia sobre a impossibilidade de ser considerada a dissociação entre o poeta e sua poesia. O poeta, assim, vive e é sua poesia – pensamento ainda sustentado por alguns teóricos.
O fato é que Rimbaud rendeu muito em canções, na televisão e no cinema, além de ter contribuido para encher a burra de dezenas de biógrafos. Sua iconografia, contudo, não é das mais extensas. Porém, na quinta, dia 15, na Feira Internacional do Livro Antigo, no Grand Palais, em Paris, foi apresentada uma foto que se presume ser de Rimbaud adulto. A imagem foi descoberta em 2008 por dois livreiros, que conduziram uma investigação para saber se realmente era uma foto do poeta, inclusive, para autenticar o cliché, os dois buscaram a opinião de Jean-Jacques Lefrère, especialista em Rimbaud e autor do livro Sur Arthur Rimbaud, Correspondance Posthume 1891-1900.
A descoberta foi feita por Jacques Desse e Alban Caussé quando, ao empreender uma busca por livros antigos em livrarias perto de Paris, deram de cara com um lote de fotografias do século XIX, clicadas em diferentes locais de Aden, onde o poeta passou a última parte de sua vida antes de morrer, em 1891. Caussé disse que uma foto particularmente chamou sua atenção. Ela mostra um grupo de pessoas sentadas na varanda do Hotel de l'Univers, onde o autor de Le Bâteau Ivre ia regularmente. Neste quadro, disse Caussé, há "uma pessoa que tem uma atitude particular e um olhar que me prendeu de imediato". Logo, os dois livreiros acreditaram que poderia ser Rimbaud. Através de um trabalho meticuloso, identificaram as personagens. Quanto ao rosto do homem, afirmam, ele tem semelhanças com o do poeta na adolescência: o mesmo rosto oval, a mesma densidade do cabelo, o mesmo desenho das orelhas e nariz e até o mesmo formato dos olhos.
O mesmo, parece, deu-se com Rimbaud (Jean-Nicolas Arthur Rimbaud (1854-1891), o genial poeta simbolista, autor de Une saison en enfer, Le Bâteau Ivre e Les Illuminations. Para se ter uma ideia, Rimbaud para de escrever aos 21 anos e parte para o norte da África, onde passa a traficar armas. Porém, o Rimbaud negociante de armas é o mesmo que deu cor às vogais em Voyelles e L’Alchimie du Verbe e tornou-se referência para a poesia no século seguinte, alimentando o argumento da tese que nascia sobre a impossibilidade de ser considerada a dissociação entre o poeta e sua poesia. O poeta, assim, vive e é sua poesia – pensamento ainda sustentado por alguns teóricos.
O fato é que Rimbaud rendeu muito em canções, na televisão e no cinema, além de ter contribuido para encher a burra de dezenas de biógrafos. Sua iconografia, contudo, não é das mais extensas. Porém, na quinta, dia 15, na Feira Internacional do Livro Antigo, no Grand Palais, em Paris, foi apresentada uma foto que se presume ser de Rimbaud adulto. A imagem foi descoberta em 2008 por dois livreiros, que conduziram uma investigação para saber se realmente era uma foto do poeta, inclusive, para autenticar o cliché, os dois buscaram a opinião de Jean-Jacques Lefrère, especialista em Rimbaud e autor do livro Sur Arthur Rimbaud, Correspondance Posthume 1891-1900.
A descoberta foi feita por Jacques Desse e Alban Caussé quando, ao empreender uma busca por livros antigos em livrarias perto de Paris, deram de cara com um lote de fotografias do século XIX, clicadas em diferentes locais de Aden, onde o poeta passou a última parte de sua vida antes de morrer, em 1891. Caussé disse que uma foto particularmente chamou sua atenção. Ela mostra um grupo de pessoas sentadas na varanda do Hotel de l'Univers, onde o autor de Le Bâteau Ivre ia regularmente. Neste quadro, disse Caussé, há "uma pessoa que tem uma atitude particular e um olhar que me prendeu de imediato". Logo, os dois livreiros acreditaram que poderia ser Rimbaud. Através de um trabalho meticuloso, identificaram as personagens. Quanto ao rosto do homem, afirmam, ele tem semelhanças com o do poeta na adolescência: o mesmo rosto oval, a mesma densidade do cabelo, o mesmo desenho das orelhas e nariz e até o mesmo formato dos olhos.
A foto, acredita-se, foi tirada por volta de 1880. "Este é um elo perdido na iconografia de Rimbaud", diz Lefrère. Até agora, apenas oito negativos que representam o poeta eram conhecidos. Em quatro deles, do período africano, seu rosto mal pode ser visto. Porém, aqui nos deparamos com Rimbaud, oferecendo-nos o seu rosto, seus olhos". Esta é uma fotografia "real" com uma alma que surge”. O conservateur* Alain Tourneux, ao comentar a descoberta da foto para o jornal regional francês L’union Presse, afirmou acreditar ser a foto realmente de Rimbaud: « Na medida em que existe uma foto de Rimbaud de 1891, na qual ele já aparece magro, cansado, castigado pelo clima e por sua condição de vida, eu diria que a foto foi tirada algum tempo depois de sua chegada a Aden, por volta de 1880, quando ele tinha 25 ou 26 anos. Um jovem adulto. Uma rosto que não se conhecia. Não é mais o adoslecente imortalizado por Carjat. Não é ainda o europeu magro e cansado que se observa nos retratos posteriores. Esse Rimbaud nos era efetivamente desconhecido até hoje”.
E para finalizar a prosa: publicou-se, hoje, que no mesmo dia da abertura da exposição, um comprador anônimo teria comprado a fotografia. Não se conhece a identidade do rico rimbaldien, mas a imprensa especula que o tal comprador teria pago pela raridade um valor que ultrapassa os 100.000 euros. Resta saber o que acharia disso Rimbaud, que morreu em situação modesta aos 37 anos, em razão de um tumor no joelho direito que levou à amputação de sua perna.
E para finalizar a prosa: publicou-se, hoje, que no mesmo dia da abertura da exposição, um comprador anônimo teria comprado a fotografia. Não se conhece a identidade do rico rimbaldien, mas a imprensa especula que o tal comprador teria pago pela raridade um valor que ultrapassa os 100.000 euros. Resta saber o que acharia disso Rimbaud, que morreu em situação modesta aos 37 anos, em razão de um tumor no joelho direito que levou à amputação de sua perna.
Imagens: Nova foto de Rimbaud, sentado, o segundo, da direita para a esquerda e foto de Rimbaud quando jovem.
* conservateur: termo em francês que designa o administrador ou responsável por uma biblioteca, um museu ou instituição.
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